sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ups !

Quando somos apanhados desprevenidos num turbilhão de emoções, planos (falhados ou não), dias inesqueciveis, outros para esquecer, colocamos em segundo plano coisas que nos fazem tão bem...
Tinha tantas ideias, tantos momentos que gostava de embelezar e gravar num local chamado Sapatos de Rebuçado. Sinto que me tinha esquecido do meu caminho até aqui, até ao sitío onde tudo é possível e ultimamente a razão pela qual não encontrava o caminho era por estar ocupada à procura do meu sapato de rebuçado que, literalmente, perdi. Ainda não o encontrei, mas ao menos consegui chegar aqui.
Tudo começou quando deixei a casa amarela pela última vez no dia 2 de Abril de 2009 e eu caminhava com o objectivo de chegar à fábrica de fazer sonhos, tudo por esta zona estava colorido repleto de personagens e eu deixei-me levar por elas...inspirei-me no mundo de sonho do Dr.Parnassus enquanto ele tentava enganar o diabo, perdi-me por trás daquele espelho mágico onde vi o meu imaginário! Um grande palco, com uma luz ténue à espera de ser ocupada, uma plateia ansiosa pela chegada...de Laura! Ouvia as palmas e os olhares solenes e toda eu estremecia...
Depois como que de repente alguém estalou os dedos e eu estava no bom caminho, mas quando dei por mim enfrentava um drama psicológico preocupante, estava isolada, numa ilha onde todos me faziam crer que era louca, um pesadelo, ou...uma verdade? De repente Shutter Island começou a ser destruída por um bando de monstrinhos liderados por um rapazinho desobediente, fugi, mas desnecessariamente, eram todos tão amigáveis!
Comecei a ouvir música, francesa, maravilhosa, voei até lá, uma rapariga tão entusiasmada como eu ouvia e cantarolava...fui com ela a Paris, fiz com ela parte de um esquema mesquinho, mas requintado, fui, com ela, magoada...esta história lembrou um romance de Janet Frame, aquela escritora tão pacata, recatada e talvez ingénua que deixava que lhe dissessem como viver a vida...
Revisitei mais uma vez aquela casa que transpira glamour e fui a nona mulher a cantar, chorar, gritar, brilhar naquele sitío, logo de seguida fui parar a um universo estranho e incestuoso de Jacques Demy E...POW...choveu muita coca-cola e houve um prenúncio de pipocas!
Estava cansada, mas ainda fui atraída por um charmoso chapeleiro para um chá interminável quando, lá muito ao fundo vi uma jovem negra, grávida, com ar de sofrimento, corri para ela e tentei ajudá-la pois ela carregava um ser, algo que há dezoito anos não acontecia.
De repente não havia mais universos para visitar, tudo se evaporava, de um momento para o outro. Quando retomei o meu caminho para a, por vezes, malfadada fábrica, vi que tinha perdido o meu sapato de rebuçado, ando desde então a tentar encontrá-lo...vim aqui redimir-me pela minha escassa presença e atenção e pedir...ajuda :(

Aos filmes da minha Páscoa e ao meu pé esquerdo ^^

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