quinta-feira, 25 de março de 2010

Goodbye...

Every time we say goodbye, I die a little
Every time we say goodbye, I wonder why a little
Why the Gods above me, who must be in the know.
Think so little of me, they allow you to go.
When you're near, there's such an air of spring about it
I can hear a lark somewhere; begin to sing about it,
There's no love song finer, but how strange the change from major to minor,
Every time we say goodbye.
When you're near, there's such an air of spring about it
I can hear a lark somewhere; begin to sing about it,
There's no love song finer, but how strange the change from major to minor
Every time we say goodbye.
Thank you Cole Porter and Natalie Cole
Até daqui a uns dias...
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segunda-feira, 22 de março de 2010

Querido Diário...

Acho que já aconteceu, de certeza, a toda a gente tropeçar nuns livros velhos que lá andam aos caídos pelo sótão da casa e reparar que um deles tem um cadeado de um pormenor que o torna quase tão belo como a capa dura que envolve aquelas finas cento e poucas páginas.
E apesar da tarefa que nos compete ali ser a de limpar o sótão, passamos tudo para segundo plano pela leitura de algo privado e até proibido, a tentação do fraco ser humano vem ao de cima nestas alturas.
Arrasto uma almofada, sacudo o pó que a cobre e sento-me, quando estou pronta para aquele pequeno e simples guardador de segredos, almas, vidas, me revelar uma personagem que vivia numa altura mais simples ou mais complicada, com uma vida glamoureuse ou não, repleta de paixões ou não...deparo-me com um pequeno GRANDE problema, não tenho a chave que me iria transportar para outra dimensão!
Desilusão total...claro que o que dava vontade de fazer era deixar o instinto animal dominar a minha racionalidade e despedaçar por completo aquele entrave! Não o fiz por respeito, consegui-me controlar, pensei no carinho que o autor daquele diário depositou naquelas páginas. Apesar de me sentir triste por não poder agora ter o privilégio de ler as confissões de um anónimo não desisti imediatamente.
Sentei-me e pensei em todas as minhas opções:
a) Destruir o pequeno cadeado e tirar a beleza do conjunto confissões/capa dura/cadeado;
b) Experimentar com um alfinete abrir a fechadura;
c) Encontrar uma chave que poderia nem existir.
A primeira estava fora de questão...fui então à caixinha da costura, que por sinal também estava coberta de pó (notável falta de uso), tirei um alfinete, corri para o sótão outra vez e tentei o meu recente chico-espertismo...expectativa...nada. Devo admitir que nunca tive jeito para a trafulhice, infelizmente, neste caso.
Só me restava virar de pantana aquele sótão e se necessário toda a casa! Comecei pelos caixotes, caixas e caixinhas...nada...gavetões, gavetas e gavetinhas...nada...debaixo de todos os almofadões, almofadas e almofadinhas...debaixo de todos os sofás...em cima de todos os armários...nada! Desarrumei a casa toda...nada... De repente, o meu pé, incontrolável pontapeou tudo o que encontrou, dei por mim a saltar nas frágeis tábuas do sótão e uma cedeu! Quando tirei o meu pé vi algo a brilhar naquele novo buraco, era uma chave ... seria a chave...?!
Peguei no diário, fiz deste um momento extremamente solene, ajoelhei-me e assim prostrada no chão rodei lentamente a chave, o meu coração acelerou, estava a um segundo de uma outra vida, quando abri o pequeno diário, folheei-o de uma vez só e, para meu espanto foi na primeira página que encontrei o único sinal de tinta: "Querido Diário..."
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domingo, 21 de março de 2010

A voz da Primavera

"Cheguei hoje, a recepção foi calorosa, como todos os anos, acho óptimo a minha vinda alterar ânimos, é uma promessa de uma vida melhor. Um futuro mais sorridente e promissor.
A minha entrada coloriu o mundo de doces cores, cobriu-o de suaves aromas, de uma leveza agradável, todos por quanto passo levitam.
A natureza organizou até um festim para celebrar a minha chegada, os pássaros entoaram as mais belas melodias que conheciam, as flores abriram as suas pétalas o máximo que podiam, as árvores afirmaram a sua presença com novos vestidos a exibir, a relva tornou-se o mais esmeralda que conseguiu, o céu reuniu os seus elementos da maneira mais harmoniosa, as nuvens brancas a rodear um sol mais sorridente e brilhante, os riachos a correr de maneira mais vigorosa, completamente límpidos para que eu me pudesse ver em toda a minha glória, o vento decidiu acalmar e a sua função foi a de espalhar esta preciosidade de dia, os pais levaram as crianças ao festim para contribuir com as suas gargalhadas inocentes e alegres.
Sinto-me abençoada por este mundo, sem ele eu seria apenas uma designação, com ele posso afirmar-me Estação do Ano, a madrinha dos apaixonados, Primavera... "
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segunda-feira, 15 de março de 2010

Modern Day Alice

Hoje enquanto vagueava pelas ruas, deixando-me manipular pelas brisas, aromas, sons, vi-me a ser arrastada por uma força mais poderosa do que eu, um Tic-Tac incessante que anunciava o princípio ou fim de algo.
Continuei, sempre dominada pelo medo e pelo sentimento de aventura, comecei a sentir o coração bater mais forte, o meu passo inconscientemente a acelerar, gotículas de suor a escorrer pela minha testa. O cansaço não iria vencer esta luta.

O Tic-Tac estava perto, martelava-me a cabeça, gritei e, antes de conseguir terminar o AI que os meus pulmões soltavam, vi-me ser engolida! Não houve tempo para reagir, quando ganhei coragem e abri os olhos encontrei-me num mundo esvoaçante, repleto de mobílias, de livros, de ornamentos! Senti-me, estranhamente, segura mesmo estando sujeita às leis da gravidade, havia naquele buraco interminável uma segurança, um calor,...BLACK OUT...

Acordei, penso que horas depois, num sítio peculiar, muitas portas, qual a certa? Senti-me cheia de dúvidas, esta imprecisão que por vezes me atormenta na vida lá em cima, aqui pelos vistos também me persegue. Bem, e como um mundo é feito de escolhas corri para uma das portas, cheia de expectativas e, mais uma vez, como na vida no mundo real, a porta estava fechada, todas as portas estavam...Como forçar a entrada? Tornar-me gigante e derrubar tudo e todos? Não, a resposta foi encolher e subjugar-me a todos, entrar pela porta mais pequena. Na verdade não me custou deixar o meu orgulho para trás, pois o mundo que estava para além de não mais de 40cm de madeira era único. Valeu a pena o esforço para ver cores que nunca tinha visto, formas que os meus dedos nunca tinham experimentado, seres com os quais nunca tinha convivido, sabores que os meus lábios nunca tinham tocado, aromas que nunca tinha sentido...

Finalmente a paz que tanto ansiava com uma pitada da loucura picante que faz de toda a serenidade uma serenidade apimentada, gostosa. Depois de ter desfrutado de tanta novidade comecei, infelizmente, a pensar no que ali estava a fazer, aquela necessidade de compreender tudo estava agora mais forte que nunca, outra vez Tic-Tac...Tic-Tac...mas desta vez o meu corpo não se movia para junto daquele som, talvez porque antes fosse um som tão apetecido, para o qual todo o meu ser era atraído e agora não passava de um ruído que, devido à progressiva proximidade a que o sentia, se estava a tornar totalmente ensurdecedor. Numa tentativa de o abafar tapo os ouvidos com toda a força! E é então que ... BLACK OUT!


ALICE, ALICE! ALI! ALIAURA! LAURA ACORDA!






Quem sou?


Onde estou?


Foi um sonho? Ou é este o sonho?


O quê???


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sábado, 6 de março de 2010

Distant Dreamer

"Passei a viagem a ler e a ouvir música, ocasionalmente tinha oportunidade de observar a paisagem extraordinária que vigorava tanto no exterior, como no interior do comboio. Não era a única com uma simples mochila às costas e um ar de quem não se importa, havia pelo menos mais dois viajantes errantes. Havia famílias com um brilho nos olhos pela promessa de um dia fabuloso que poderiam passar na capital. Penso que fechei os olhos por um momento ou outro, mas o importante é que chegada à estação já estava bem desperta! Saltei do comboio mal parou e respirei o ar poluído da estação, fiquei durante alguns minutos a registar os reencontros na estação, abraços de filhos que foram procurar uma vida melhor na capital, à espera dos pais que chegavam das aldeias, mas mais surpreendente eram os pais que esperavam os filhos que tinham ido procurar uma vida mais calma no interior. Foi um momento semelhante ao do filme "O amor acontece" em que vemos os reencontros num aeroporto. Decidi visitar um bocadinho Lisboa, que infelizmente não conheço assim tão bem...mais uma vez embrenhei-me num álbum que combinasse com Lisboa.
Muse
01- Uprising
02- The Resistance
03- Undisclosed Desires
04- United States of Eurasia (Collateral Damage)
05- Guiding Light
06- Unatural Selection
07- Mk Ultra
08- I belong to you
09- Exogenesis Symphony Part 1
10- Exogenesis Symphony Part 2
Percorri alegremente a Baixa Pombalina, Belém, Chiado e Bairro Alto. Maravilhei-me com a arquitectura dos magníficos teatros, onde desejo tanto um dia poder entregar-me a um público merecedor. Comi um pastel de Belém, não precisei de nada mais para me encher o estômago porque tinha o espírito cheio! Procurei um cinema onde estivessem a fazer círculos de cinema alternativo e deleitei-me pela noite fora, eu e mais cinco pessoas com grandes nomes como Fellini, David Lynch, Lars Von Trier...O dia em Lisboa terminava, fui novamente para a estação, duvidosa ainda quanto ao destino, entrei num comboio que uma certeza eu tinha levaria-me além fronteira!
Obrigada pelo dia Lisboa!
Da vossa, Distant Dreamer"
Do meu alter ego, Laura Silva, que nasceu no ano de 1992

quinta-feira, 4 de março de 2010

Laura Pan

Todos somos um produto da nossa época, somos constantemente influenciados pelas nossas origens, pela nossa sociedade. É na nossa infância que os primeiros traços a carvão e, muito ao de leve, são feitos na tela da nossa vida.
Todos temos marcos de infância, marcos, muito provavelmente, comuns. Quem nunca sorriu ao ver os finais dos contos de fadas, quem nunca desejou voar num tapete mágico, quem nunca sonhou com a casa de gengibre? Pois um dos marcos da minha infância é o de menino que nunca cresce, Peter Pan. Ainda hoje, enquanto tento adormecer ao som do vento, da chuva ou da suavidade do Verão, penso sempre na janela pela qual, a qualquer momento pode irromper aquele eterno menino, pronto para me levar daqui, a voar, até à Ilha do Nunca - segunda estrela à direita, em frente até de manhã! Um local onde não somos atormentados pelas obrigações, pelos horários, pelos adultos, pelo crescimento, pela morte, enfim onde não nos é esfregado na cara constantemente o quão abençoados fomos por termos vida...é-nos simplesmente permitido desfrutá-la!
Um mundo onde se brinca sempre, onde se ri sempre, onde tudo é simples, um local onde não temos que assistir ao sofrimento, nem passar por ele, um local sem doenças, sem fome, sem desgraça, onde para voar não são necessários bilhetes de avião, hélices de helicópteros, foguetões, nem sequer asas, apenas pós de perlimpimpim, um mundo onde o dia começa sempre com um "Era um vez..."e termina sempre com um "E viveram felizes para sempre..."
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