quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sou um pequeno Calimero...

Sinto-me num turbilhão,sinto-me dentro de um ovo, onde o espaço começa a ser pouco para mim, mas a casca ainda está algo dura, não consigo perfurar. Deambulo nesta ambiguidade que é sentir-me confortável, quente, um espaço verdadeiramente acolhedor, maior parte das vezes. Depois, por vezes, sinto-me sufocada, falta oxigénio e espaço para eu conseguir abrir as minhas asas que são ainda tão pequenas, mas que assim também não conseguem crescer.
Dou por mim a ser uma espectadora assídua da minha própria evolução, crescimento, progresso. Vejo o que faço a mim e aos outros e observo o que os outros me fazem, tento intervir, mas ninguém me ouve, depois resta apenas o arrependimento da acção que não devia ter sido feita...eu tentei avisar. É como naqueles sonhos aflitivos em que gritamos para que nos salvem, mas ninguém nos ouve...
Hoje estou num desses dias, sinto-me não eu, mas espectadora do meu eu, hoje foi um dia em que me fartei de gritar, sinto-me totalmente afónica, e de que serviu, de nada, tudo o que de errado podia fazer e sentir, fi-lo e senti-o.
Estou-me a afogar na minha porcaria!
Preciso de partir a casca, antes que a casca me parta a mim...
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Distant Dreamer

"Finalmente, acabou, esta luta continua de doze anos, chegou ao fim, tanto à minha frente...o mundo está à minha espera!
Ponderei muito e muito tempo sobre o que se seguiria, o normal seria universidade, escola de teatro, depois pensei em fazer um gap year, organizadamente parar um ano. E agora que o momento chegou tomei uma decisão pouco ponderada pela primeira vez, vou seguir os meus impulsos sem recear o amanhã. Neste momento preparo uma simples mochila cheia de jeans, t-shirts e casacos, dois pares de allstar, são quatro da manhã, está a chegar a hora e estranhamente não estou assustada.
O dinheiro que ao longo dos anos juntei debaixo do colchão (desculpem o cliché) está espalhado pelos meus pertences, como sempre me ensinaram a fazer e eu como boa viajante, sempre fiz.
Pensando naquela eterna pergunta: se fosses para uma ilha deserta que livro levavas? Se fosses para uma ilha deserta que filme levavas? Se fosses para uma ilha deserta quem levavas? Bla Bla Bla! Levo então uma família querida para mim, Os Maias para me lembrarem do amor, da tragédia e do meu país. Levo também uma espécie de guia de viagem para me transmitir coragem, Chocolate, quem sabe não venha eu a abrir uma chocolaterie? Levo o que me abriu os olhos para o meu futuro, o Moulin Rouge e levo o meu ídolo, para me lembrar sempre do talento, do ícone, da música, de uma língua linda e de uma época mais simples e, apesar da gigantesca contradição, mais conturbada, Les Parapluies de Cherbourg. E, a pessoa mais importante e essencial que levo, eu mesma, a única e genuína Laura.
Pensei em ser absolutamente dramática e despedir-me com uma carta perfumada e coberta de lágrimas, mas pareceu-me mais correcto deixar um simples bilhete smell you later, depois faria um telefonema, não dramatizemos...Está na hora, um arrepio percorre-me a espinha, pego nos meus óculos de sol, na mochila, olho pela última vez, pelo menos nesse ano, os meus pais e sem dar conta estou já fora de casa.
A escolha musical tem que ser sem dúvida animada, repleta de verão, de alegria, de viagem, de aventura e com os fones enterrados na cabeça começo a andar.
Vampire Weekend
01-Mansard Roof
02-Oxford Comma
03-A-punk
04-Cape cod kwassa kwassa
05-M79
06-Campus
07-Bryn
08-One
09-I stand corrected
10-Walcott
11-The kids don't stand a chance
A máquina de filmar já está a funcionar, daqui a uns meses será bom rever aquelas imagens que me farão recordar o meu lar...aproxima-se o primeiro meio de transporte, vejo a estação de comboios, ainda tenho tempo até chegar o comboio, respiro pela última vez este ar puro da serra e olho, pela última vez o céu azul que caracteriza a região do centro. Primeira paragem Lisboa, aqui vou eu! Aguardem notícias minhas!"
Do meu alter ego, Laura Silva, que nasceu no ano de 1992 e acabou o secundário há coisa de um dia, como puderam constatar, iremos ter notícias dela ao longo desta louca viagem (espero eu) <3
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mardi Gras

Aproximamos-nos da época da folia, o Carnaval, a altura em que ninguém, supostamente, leva nada a mal. Se observarmos outro dito, bastante popular, "A vida são dois dias e o Carnaval são três" e o interpretarmos literalmente chegamos a uma conclusão peculiar.

O Carnaval serve para uma pessoa se esquecer da rotina, mascarar-se, divertir-se um pouco, ser outro. E se passássemos a vida neste estado, e o Carnaval fosse a altura em que éramos nós mesmos? Fazendo uma analogia com o dito: a vida passa tão rápido que parece mais curta que o Carnaval, agora a minha ideia é passarmos a vida escondidos, e desabrocharmos, sermos reais apenas no Carnaval.


Imaginem pessoas que têm que suportar o peso de uma dura máscara a vida toda e só lhes é permitido descansar um pouco o corpo dorido num determinado período. Imagino como deve ser difícil, mas também consigo compreender que por vezes somos aceites por quem não somos e como o ser humano é um ser, talvez infelizmente, social, somos capazes de mentir a nós próprios para agradar os outros. Espero não ter que me tornar num folião contínuo, prefiro o alienamento da sociedade do que o alienamento da minha essência...Pois na vida só podemos contar connosco e mesmo assim há que ter cuidado com o nosso ser, com o nosso inconsciente.


Desejo a todos um óptimo Carnaval e que seja a altura de tirar a máscara e não -la :)
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

I'm in a "Nine" mood...call me later

In a very unusual way, one time
I needed you.
In a very unusual way, you were my friend.
Maybe it lasted a day,
Maybe it lasted an hour,
But somehow it will never end.
In a very unusual way, i think I’m in love with you.
In a very unusual way, i want to cry.
Something inside me goes weak, something inside mesurrenders,
And you’re the reason why,
You’re the reason why.
You don’t know what you do to me.
You don’t have a clue.
You can’t tell what it’s like to be me looking at you.
It scares me so that i can hardly speak.
In a very unusual way, i owe what i am to you.
Though at times it appears i won’t stay, I never go.
Special to me in my life,
Since the first day that i met you.
How could i ever forget you,
Once you had touched my soul?
In a very unusual way, you’ve made me whole.
Há dias em que simplesmente nos sentimos assim, nos apercebemos da pessoa ou pessoas que de uma maneira peculiar amamos. Eu amo pessoas de várias maneiras, amo pessoas que conheço bem, amo pessoas que conheço mal, amo pessoas que não conheço, amo pessoas na sombra...isto enche-me de melancolia e pergunto-me sempre, será que sou amada, nem que seja na sombra?
Am I loved in a very unusual way?
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sol de Inverno

Hoje, como todos os dias, acordei.
Um belo espreguiçar, um olhar a todas as janelas para admirar o tempo na minha pacata cidade, um exemplar dia de inverno, um céu azul que não se encontra em todo o lado, invejável. Um sol resplandecente e, no entanto, sem o sentir fisicamente era-me possível sentir o frio psicologicamente.
O ritual matinal quebra as minhas deambulações neste primeiro dia de Fevereiro, há que preparar-me, não para gozar o glorioso dia, mas para me encerrar quase oito horas num estabelecimento, não muito longe de um estabelecimento prisional. A próxima hora repleta de banalidades, esfregar e escovar, muito resumidamente.
Na viagem de carro para aquele destino tão indesejado, em conversa com o meu pai, concluímos que um dia destes era merecedor de reconhecimento simplesmente partir para o fazer, mas para onde? Será que interessa mesmo? Só o partir já seria importante.
Não, não o fizemos, as obrigações ganharam esta batalha de titãs e como boas formigas trabalhadoras, seguimos o carreirinho e transportamos o nosso miolo de pão. E agora, ao fim do dia, quando o arrependimento me assola, penso e se naquele momento tivéssemos seguido o exemplo de Z o protagonista de "Antz Formiga Z"? Parássemos de seguir o carreiro? Como teria sido o meu dia? Imagino-me numa viagem a tentar alcançar o sol, parar quando quiséssemos parar, comer quando quiséssemos comer, dormir quando quiséssemos dormir, sem obrigações nem nervosismos, simplesmente aproveitar os cenários que este mundo nos proporciona, dormir sob as estrelas, longe das grandes metrópoles, longe do barulho, do fumo!
Quando é que poderei trocar este pesadelo suportável por um sonho arrebatador? Quando...?
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