segunda-feira, 15 de março de 2010

Modern Day Alice

Hoje enquanto vagueava pelas ruas, deixando-me manipular pelas brisas, aromas, sons, vi-me a ser arrastada por uma força mais poderosa do que eu, um Tic-Tac incessante que anunciava o princípio ou fim de algo.
Continuei, sempre dominada pelo medo e pelo sentimento de aventura, comecei a sentir o coração bater mais forte, o meu passo inconscientemente a acelerar, gotículas de suor a escorrer pela minha testa. O cansaço não iria vencer esta luta.

O Tic-Tac estava perto, martelava-me a cabeça, gritei e, antes de conseguir terminar o AI que os meus pulmões soltavam, vi-me ser engolida! Não houve tempo para reagir, quando ganhei coragem e abri os olhos encontrei-me num mundo esvoaçante, repleto de mobílias, de livros, de ornamentos! Senti-me, estranhamente, segura mesmo estando sujeita às leis da gravidade, havia naquele buraco interminável uma segurança, um calor,...BLACK OUT...

Acordei, penso que horas depois, num sítio peculiar, muitas portas, qual a certa? Senti-me cheia de dúvidas, esta imprecisão que por vezes me atormenta na vida lá em cima, aqui pelos vistos também me persegue. Bem, e como um mundo é feito de escolhas corri para uma das portas, cheia de expectativas e, mais uma vez, como na vida no mundo real, a porta estava fechada, todas as portas estavam...Como forçar a entrada? Tornar-me gigante e derrubar tudo e todos? Não, a resposta foi encolher e subjugar-me a todos, entrar pela porta mais pequena. Na verdade não me custou deixar o meu orgulho para trás, pois o mundo que estava para além de não mais de 40cm de madeira era único. Valeu a pena o esforço para ver cores que nunca tinha visto, formas que os meus dedos nunca tinham experimentado, seres com os quais nunca tinha convivido, sabores que os meus lábios nunca tinham tocado, aromas que nunca tinha sentido...

Finalmente a paz que tanto ansiava com uma pitada da loucura picante que faz de toda a serenidade uma serenidade apimentada, gostosa. Depois de ter desfrutado de tanta novidade comecei, infelizmente, a pensar no que ali estava a fazer, aquela necessidade de compreender tudo estava agora mais forte que nunca, outra vez Tic-Tac...Tic-Tac...mas desta vez o meu corpo não se movia para junto daquele som, talvez porque antes fosse um som tão apetecido, para o qual todo o meu ser era atraído e agora não passava de um ruído que, devido à progressiva proximidade a que o sentia, se estava a tornar totalmente ensurdecedor. Numa tentativa de o abafar tapo os ouvidos com toda a força! E é então que ... BLACK OUT!


ALICE, ALICE! ALI! ALIAURA! LAURA ACORDA!






Quem sou?


Onde estou?


Foi um sonho? Ou é este o sonho?


O quê???


- .... . . -. -..

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