sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Tã Tã tãtãtãtãtãtãtãtã Tã Tã

É tão bom quando chegamos a sexta-feira e pensamos que é dia de ir ao teatro, é dia de entrar numa nova dimensão onde nos sentimos outro, onde vemos alguém suar pelas nossas reacções...É um espaço que pode ser descrito como como acolhedor e vermelho :) The right place to be. Desde o sair do carro naquela rampa atribulada e de sentido único, sentir os pés naquele solo que está sempre molhado e cheio de areia, subir três degraus, pagar 3 euros uma vez que se é jovem, sentir o papel do bilhete e os panfletos que nos dão uma luz sobre o que nos espera, o cheiro a papel imaculado, entrar numa sala intimista, um pequeno bar que transpira inovação, jazz, declamação de poemas, inúmeras tertúlias, tomar o café no copo de plástico enquanto se olha para o relógio com a ânsia do início do espectáculo, caminhar um pouco naquela sala que tem sempre fotos expostas, talvez uma ida à casa de banho (vale mais prevenir que remediar), o nosso bilhete a ser rasgado, descer aquelas escadas íngremes, por fim a sala de espectáculos, palco escuro ou não, terceira fila ao centro, ainda que no teatro moderno já não se oiçam as pancadas de Molière elas ecoam por toda a sala, estão gravadas naquelas paredes, tosses, fechar fechos de carteiras, barulho de casacos e por fim, SILÊNCIO, chega o momento, a viagem que nos espera, até que o fim chega, mas, no entanto, nessa noite quem vai para casa não é a mesma pessoa que saiu do carro no início daquela noite, mas sim a personagem que não nos sai da cabeça, quer seja por bons ou maus motivos, ela está cá e é ela que nessa noite se vai aconchegar nas nossas camas, até que, ao outro dia acordamos e existe um espaço em branco na noite anterior, entre as 23:15 e essa manhã...
Muita merda, merda a todos vós <3

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1 comentário:

  1. E é como se cada coisa que acontece nesse "outro mundo" fosse a descrição exacta da nossa vida, ou da vida de alguém que conhecemos, ou da sociedade, ou de qualquer coisa irreal que gostaríamos de viver. Identifico sempre alguma coisa. E depois do espectáculo, é impossível não ficar a pensar no significado, no diálogo/monólogo, no trabalho por vezes tão perfeito de actores que nos tiram por completo da rotina e do "real". É sem dúvida uma das melhores coisas que podemos fazer na nossa vida: sair dela. Ir visitar e viver, nem que seja por hora e meia, nesse espaço tão bonito. E tenho pena de quem ouve falar em teatro e diz o típico "Que seca!". Tenho pena. Eu, que aprendi tanto ao longo destes 4 anos na Oficina de Teatro, dou o maior valor possível a um trabalho destes... :)

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